Vigésimo segundo dia na Itália (08/03). Vocês bem lembram da correria que foi chegar ao porto para pegar o navio. Um saco, mas esta é a história de minha vida. Correr para não perder trem/barco/ônibus/avião. Fazer o que? Irritava-me a lentidão dos metrôs e funiculares, mas cheguei em tempo, e tive que esperar para o navio sair.
No primeiro dia em Palermo, um pulo em Monrreale para ver a cidade de cima
Isso tudo está lá no final do 21º dia, mas vale lembrar. O navio é mó metido a besta, mas não tem lugar para o pessoal "ponte", isso é, que comprou o bilhete mais barato. Tem que ficar por ali no bar ouvindo músicas bregas e alguns temas brasileiros cantados em italiano. Comprei uma água, uma Nastro Azzurra (cerveja local) e fiquei matando tempo. Deixei minha bagagem na área das poltronas. Bati perna pelo navio, fui lá em cima ver o mar e ver Napoli ficar para trás, sempre sob a sombra onipresente e assustadora do vulcão Vesúvio. E fui dormir.
Ainda no navio, uma Nastro Azzurra no bar. Nada de glamour para os o pessoal "ponte"
Ao menos tentar, o cara do bar não parava de cantar e fazia bastante frio. Coloquei as duas jaquetas, tirei da mala mais um par de meias, enrolei nas pernas a bandeira do Brasil, botei a toca. Tirei da mochila uma almofadinha que comprei para a Isa, lá em Verona ainda, e dormi sobre ela. Estava até confortável.
Poser na frente do porto. Dica: coloque a máquina no banco para tirar foto de você mesmo
Deu a hora, saí com as malas pesadas. O esquema de sempre, coloca a mochila número um em uma poltrona (ou em qualquer lugar mais elevado), veste ela, passando as alças pelos braços, e levanta com as pernas. Sem esta técnica fica impossível e posso deslocar um ombro (exagerado?). Depois coloca a mochila 2 na frente, cuidando para o ajuste da alça ficar sobre a alça da mochila 1 e, nas mãos, a sacolinha, que me acompanha desde Veneza. Pronto para mais uma aventura? Então vamos lá.
Pela manhã, o centro de Palermo. Até aqui tem estes carrinhos minúsculos
Foi relativamente fácil achar um lugar para deixar a bagagem, no porto. Relativamente, porque fui até um cilo, ouvi um cara grosso até achar a estação marítima. Ok, fui atrás de um mapa. Com um mapa em mãos, sou semi-deus, faço o que eu quero em qualquer cidade do mundo. Caminhei pela via principal, o posto turístico estava fechado, então fiquei matando um tempo com uma pizzeta, un latte macchiato e lendo o jornal local: Palermo havia vencido a fraca equipe de Livorno por 1 a 0. Peguei o mapa, botei no bolso traseiro-direito da calça e fui bater perna. Andei por aqui, ali e lá também.
Redonda, a Chiesa del Santissimo Salvatore parece um teatro. Lá, encontrei uma alemã
Fiz boas fotos do mar, encontrei i quatri canti, um cruzamento de duas avenidas onde os quatro cantos são ornados por fontes (é uma cópia de outro que tem em Roma). Cheguei à belíssima Chiesa del Santissimo Salvatore, redonda como um teatro. Lá, conheci Eli.
A bela Catedral: bonita por fora, fria por dentro
Eli é alemã, estava batendo perna pela cidade. Divertida e engraçada a loira menina, foi um dia para conversar só em inglês. Fomos até a Cattedrale, linda por fora, simples e fria por dentro, e com influências árabes e normandas. Originalmente, a catedral era uma igreja bizantina até que, em 1185, o arcebispo de Palermo reformou a construção para competir com a beleza da catedral de Monreale (acho que ele saiu perdendo). Chegamos a uma outra praça, após visitarmos um castelo, e pegamos o ônibus para Monreale, uma cidade pequena, que fica sobre a montanha, perto de Palermo.
Alemães viajam de mais. Eli é uma prova disso. Parceira para um dia de passeio
Legal andar com Eli, ela é recém-formada em engenharia, assim com o seu namorado - sim, ela tem namorado (sem problemas, ela não fazia meu tipo, hehehe). Gente boníssima. Como eu, ela viaja sozinha. Não é comum uma ragazza viajando sozinho, Berlim-Palermo-Berlim. Há louco pra tudo.
Palermo vista de cima
Chegamos a Monreale, a igreja estava fechada. Hora da siesta, o sagrado descanso típico do sul da Itália. Demos um giro pelo chiostro, ou claustro, um lugar usado para clausura dos religiosos em suas meditações, que fica anexo à igreja. A Eli não pagou porque, oito de março, Dia da Mulher (como no resto do mundo, inclusive no Brasil). Legal o chiostro, também com influência normanda e árabe, cheio de colunas lindíssimas, com mosaicos pequeníssimos, arcos. Show.
Colocado depois: O Duomo di Monreale foi construído em 1174, por ordens do rei Guilherme II da Sicília. Ele é dedicada à Santa Maria Nuova. Diz a lenda que Guilherme adormeceu em um campo, sob uma árvore, e sonhou com a Virgem Maria. Ela lhe disse que ali estava escondido um grande tesouro que deveria ser usado para construir um templo em homenagem da santa. O local foi escavado e foi encontrado um tesouro em moedas de ouro, empregadas na construção do templo.
O belissimo chiostro da Cattedrale di Santa Maria Nuova. Influências normandas e árabes
Saímos do chiostro. Ainda tínhamos algum tempo antes da chiesa abrir para visitação. Um giro aqui, outro ali, fomos dar uma vista em Palermo por cima, bela paisagem. E manggiamos una pasta com vinho, indicação de um cara na rua. Eu, 4 formaggi e ela, alla capriciosa. Muito boa pasta. Paramos para comer doces sicilianos como a cassata, canolo e biscoito de mandorla. Simpática a mulher que nos ensinou o nome dos doces. Ela ficou tentando saber de onde eu sou, não matava pelo sotaque. E isso é bom.
Na panificadora com minha amiga, algumas cassatas e outros canolos
E fomos para igreja. Linda, diferente das outras. Dividida em três naves, toda cheia de mosaicos, o Cristo, posto em destaque em uma parede côncava, tinha os olhos que parecia nos seguir. Ficamos um pouco tempo lá, a historia de Adão e Eva, de Moisés, e outras passagens bíblicas contadas em mosaicos nas paredes da igreja. Fomos embora. De novo correria. Precisava pegar minha bagagem no porto, ia fechar em poucos minutos e eu dificilmente chegaria em tempo. Malditos ônibus, maldito trânsito. Preciso ir morar com o pai em uma chácara e ficar um ano sem ver carro. O que acha pai? Saí do ônibus e corri, quase perdi o ar e cheguei ao porto em cima do horário. Tinha me despedido de Eli, boa companhia de um dia.
O Cristo Pantocrator na capela-mor do Duomo de Monreale e os detalhes de mosaicos na igreja
O cara do lugar das bagagens ainda estava lá, tranquilo. O Cosme, gente boa. Sentei e fiquei batendo um papo com ele, tomando fôlego. E, pasmem, ele me deu uma carona ate a casa de Felippo. Era longe, ia ser um transtorno chegar.
Filippo e Bruninho, ainda menino de colo. Linda família que me acolheu em Palermo
Filippo é ótimo, viajou o mundo todo. Ele e sua família - esposa, filha e o pequeno Bruninho, de quatro meses. Uma gracinha. Eles me receberam muito bem, jantamos um tortelline com funghi e depois couve-flor com azeite. Delicioso. E organizei minha viagem, finalmente comprei as passagens para Atenas e depois Cairo. Iria fazer uma loucura e passar a noite no aeroporto Fiumicino, em Roma. Resolvi tomar jeito e usar a forma mais fácil. Chego na noite de quinta em Atenas. A viagem está chegando ao fim.
Viagem que vou contando aqui passo-a-passo. Vocês estão sendo usados, lembram? Mas agora preciso desligar o Mac que estamos chegando em Cefalu, um belo lugar perto de Palermo. Olha eu correndo de novo.
Beijo,
Murilo
2 comentários:
Muito boa suas dicas...
Tô indo pra Itália agora em julho... Obrigada por compartilhar.
[]'s
Carla
www.expedicaoandandoporai.com
Oi Carla. Espero que tenha aproveitado, a Itália é linda.
Postar um comentário