quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O Trem Inca

Então o Trem Inca seguiu seu caminho. Na volta a Cusco escolhemos ir a pé. Difícil encontrar alguém que concordasse com a ideia, pensava eu de Marco. Ele pensava o mesmo de mim. Trato feito, andamos os dois sobre as pedras soltas da linha férrea. Para não machucar os tornozelos, fomos de “trem”.

O famoso Trem Inca (foto: Marco Villano)

Aguas Calientes fica no km 110 da ferrovia que liga Cusco a Machu Picchu. Entre os dois destinos, há um povoado no km 82 onde poderíamos pegar uma van até Ollantaytambo. Fomos pra lá, 28 quilômetros pelo vale sagrado. A pé e soltando fumaça.

Foram quase oito horas andando sobre os trilhos (foto: Marco Villano)

Andamos um bocado pelas pedras que sacolejavam sob os pés. Se a distância é ruim, um terreno hostil piora o percurso. Vimos um senhor andando sobre o trilho do trem usando um pau como bengala para não cair. Aperfeiçoamos a ideia – o pau sobre nossos ombros, os pés sobre trilhos. Apelidamos de Trem Inca.



Pelo caminho, passamos por túneis, driblamos trens (estes de verdade), cruzamos com outros transeuntes. Diante de uma hidrelétrica, almoçamos pão com atum e pão com doce de leite e banana. Buonisimo! Experimentamos a tuna, uma flor de cacto. Vimos picos nevados e passamos por ruínas. O Marco foi mordido por um cachorro. Rimos. Sempre com o bom Rio Urubamba/Vilcanota ao nosso lado. Saímos às 9h para chegarmos às 5h30 no povoado. Não tínhamos pressa.

O caro trem de Machu Picchu a Cusco.

A chegada ao km 82 e a mordida na perna de Marco. Dia maluco.

Mas deveríamos ter tido. No povoado, a última van já tinha saído, não havia hospedagem e estava tarde. Conversamos com uma piazada, buscando informação. Escuro, estávamos exaustos, as pernas latejando, os ombros doloridos. Marco sugeriu andarmos mais 15 km em plena noite! Não foi preciso, por 40 soles, uma van milagrosa nos levou até Ollantaytambo.



Encontramos um lugar dirigido por um simpático hippie. As roupas do cara e a decoração do hostel já acusavam. Mas tinha também a pequena Quilla (Lua, no idioma quéchua), filha do dono. Dormimos o melhor dos sonos para, no outro dia, tomarmos o melhor dos cafés da manhã.

Tínhamos a magnífica Ollanta para conhecer.

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