terça-feira, 26 de maio de 2009

¿Hablas español?

Elisa estava compenetrada nas palavras-cruzadas que eu levo sempre comigo. Franzia a testa e tentava responder as perguntas, começando pelas mais fáceis. A italiana não entendia bem esse difícil idioma português, mas arriscou um palpite à pergunta “Astro como a Lua”: ESTRELA, escreveu e, como não coubera entre os quadrinhos, colocou um “l”a mais – ESTRELLA, bem italiano.

“Lua é satélite, não estrela”, caçoei, rindo bastante. “Na Itália, Lua é estrela”, devolveu ela, ligeira, enquanto dobrava e me entregava o caderno de palavras-cruzadas. Desistira.

O tema idioma não poderia faltar neste especial, ainda que seja por países da América do Sul, com seu castelhano onipresente. Sempre tem turistas como a italiana Elisa, amiga do hostel El Andaluz, para contar histórias. Mas há outras.

Lá no hostel ainda, o castelhano predominava, e tinha acentos e entonações diferentes dependendo da origem do falante. Os latinos se encontravam no sofá e buscavam um entendimento. Alguns gringos de outras linhagens também.



Longe dali, com outros personagens, o idioma continua rendendo histórias. Foi o inglês de Laerte que me fez conhecer aquela turma bacana, em San Pedro. Ele pedira uma informação no idioma saxão e eu o ajudara, em meu castelhano já um pouco melhorzinho. Laerte agradeceu com o brasileiríssimo “obrigado” e ficamos amigos.

Com o camarada irlandês. Sotaque acentuado

Conheci também um casal de irlandeses que gostavam de falar rápido para me confundir. O idioma inglês, a propósito, me fez passar maus bocados também no salar. Já acostumara o ouvido com as doses de castelhano em Salta e San Pedro. Mas aí me juntei com suíços, uma americana e um brasileiro de inglês fluente. E eu com meu inglês meia boca.

"O céu ficou beleza, mas sua cara não"

Lá no cemitério dos trens, caprichava nas fotos, mas deveria ter caprichado na frase que formaria no idioma alheio. “The sky is beautiful, but your face not”, disse. Riram de mim e tive que concordar. Querer dar aula sobre luz e sombra na fotografia, em inglês, não é comigo.

Aula de espanhol

Ao longo da viagem fui pegando o jeito de falar de nossos vizinhos aí na América do Sul. Tive momentos difíceis com meu melhor amigo da viagem - vocês vão conhecê-lo em breve. “Murilo, no te entiendo”, dizia ele um par de vezes.

No aeroporto de Lima, após perrengue em castelhano

Mas no aeroporto de Lima, na viagem de volta, arrumei um quiprocó com a atendente da empresa Lan digno de mestre. O espanhol saiu tão fácil que vou acabar sendo convidado para a Real Academia Espanhola.

É, eu sei, nem tanto.

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