Estávamos pronto para encarar a areia. Se bem que não era preciso levar tão a sério. “Você quer areia? Tome areia”, dizia a brisa, desafiante. Vale de la Muerte, sobre dunas gigantescas éramos açoitados por um vento sádico.
O 4X4 de André voltara à ativa. Ele, o motorista não o carro, tinha tirado o dia para conversar com os GPs Gilson e Raquel e ajustar os ponteiros. Por isso não fora conosco ao El Tatio. Queria deixar o carro nos trinques. Ouvir piadinhas de um tal gaúcho sobre a navegação do 4X4 nunca mais.
Chegamos ao Vale de la Muerte e duelamos com o vento. Perdemos feio; quase não conseguimos fazer fotos. Após a surra, fomos até a duna onde uma turma fazia sandbording. O Laerte, a Márcia e eu resolvemos subir a duna gigante. Eu, metido, fui no pique. Cheguei com a língua que era uma gravata. Laerte e Márcia, mais concisos, demoraram um pouco mais. Mas chegaram.
Vista bonita, Licancabur lá adiante, sol na descendente. Queríamos mais. Nos encontramos com os gaúchos e fomos ao Vale de la Luna. Nome digno, o lugar é magnífico, para Louis Armstrong nenhum botar defeito. De lá entramos no parque para o ponto alto do passeio: ver o pôr-do-sol no vale.
Engraçado pagar entrada pra isso. Estávamos no meio do deserto, não tinha cerca nem nada, só um portal de entrada. Mas todos passam pelo portal, pagam entrada e seguem viagem. Curioso.
No alto do vale outra cena embasbacante: centenas de pessoas andando pela crista do morro, como formigas numa gigantesca bomba de chocolate. A fila começa pertinho e some lá pra frente. Com o tripé na mão, andei apressado, mas jamais chegaria ao final do vale.
A Márcia, o Laerte e eu paramos para aproveitar a despedida do sol. Ele que nos recebera tão bem lá no El Tatio agora dizia adeus. Era coisa de horas, uma noite e uma madrugada depois ele voltaria. Ainda assim deixaria saudades.
O pôr-do-sol por si só foi comunzão. É isso aí, tchau e bença sol, vai lá que amanhã a gente se fala. Mas a caminhada das pessoas, se equilibrando no alto do vale, foi um show a parte. Os últimos raios solares em sua inclinação mais bela deixavam a atmosfera ainda mais radiante.
E pronto, escuro. O movimento oposto das pessoas e aos poucos o vale ia ganhando ares do silêncio. Queria ficar por ali até o nascer da lua – bem apropriado, aliás. Mas o pessoal não estava muito a fim de esperar as horas que separam o pôr de um astro e o nascer d’outro. Como bom caroneiro, segui viagem de volta com eles. As horas em San Pedro estavam acabando para mim.
Deu tempo para salvar as fotos, me despedir de Márcia e Laerte e tomar uma cerveja local com os amigos. Mais tarde me demoraria ajeitando minhas coisas e me esgueirando no banho comunitário que quase me prega uma peça. O corpo todo sulforoso e cheio de areia, e um fio d’água pingando paciente sobre minha cabeça impaciente. Enquanto me lavava, minha imaginação se deslocava para um outro lugar.
Uma terra de cholas, coca, minas, lagoas e de um grande salar.
O 4X4 de André voltara à ativa. Ele, o motorista não o carro, tinha tirado o dia para conversar com os GPs Gilson e Raquel e ajustar os ponteiros. Por isso não fora conosco ao El Tatio. Queria deixar o carro nos trinques. Ouvir piadinhas de um tal gaúcho sobre a navegação do 4X4 nunca mais.
Chegamos ao Vale de la Muerte e duelamos com o vento. Perdemos feio; quase não conseguimos fazer fotos. Após a surra, fomos até a duna onde uma turma fazia sandbording. O Laerte, a Márcia e eu resolvemos subir a duna gigante. Eu, metido, fui no pique. Cheguei com a língua que era uma gravata. Laerte e Márcia, mais concisos, demoraram um pouco mais. Mas chegaram.
Vista bonita, Licancabur lá adiante, sol na descendente. Queríamos mais. Nos encontramos com os gaúchos e fomos ao Vale de la Luna. Nome digno, o lugar é magnífico, para Louis Armstrong nenhum botar defeito. De lá entramos no parque para o ponto alto do passeio: ver o pôr-do-sol no vale.
Engraçado pagar entrada pra isso. Estávamos no meio do deserto, não tinha cerca nem nada, só um portal de entrada. Mas todos passam pelo portal, pagam entrada e seguem viagem. Curioso.
No alto do vale outra cena embasbacante: centenas de pessoas andando pela crista do morro, como formigas numa gigantesca bomba de chocolate. A fila começa pertinho e some lá pra frente. Com o tripé na mão, andei apressado, mas jamais chegaria ao final do vale.
A Márcia, o Laerte e eu paramos para aproveitar a despedida do sol. Ele que nos recebera tão bem lá no El Tatio agora dizia adeus. Era coisa de horas, uma noite e uma madrugada depois ele voltaria. Ainda assim deixaria saudades.
O pôr-do-sol por si só foi comunzão. É isso aí, tchau e bença sol, vai lá que amanhã a gente se fala. Mas a caminhada das pessoas, se equilibrando no alto do vale, foi um show a parte. Os últimos raios solares em sua inclinação mais bela deixavam a atmosfera ainda mais radiante.
E pronto, escuro. O movimento oposto das pessoas e aos poucos o vale ia ganhando ares do silêncio. Queria ficar por ali até o nascer da lua – bem apropriado, aliás. Mas o pessoal não estava muito a fim de esperar as horas que separam o pôr de um astro e o nascer d’outro. Como bom caroneiro, segui viagem de volta com eles. As horas em San Pedro estavam acabando para mim.
Deu tempo para salvar as fotos, me despedir de Márcia e Laerte e tomar uma cerveja local com os amigos. Mais tarde me demoraria ajeitando minhas coisas e me esgueirando no banho comunitário que quase me prega uma peça. O corpo todo sulforoso e cheio de areia, e um fio d’água pingando paciente sobre minha cabeça impaciente. Enquanto me lavava, minha imaginação se deslocava para um outro lugar.
Uma terra de cholas, coca, minas, lagoas e de um grande salar.
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