segunda-feira, 30 de março de 2009

Bem-vindos ao Chile, diz Licancabur

Uma nuvem de poeira se formou atrás do 4X4 de André. Ele, o piloto, focou a frente e para 'Gilson', um dos dois GPS no painel do carro. Estávamos perdidos. Em pleno deserto do Atacama, o carro fazia uma segunda curva buscando o caminho correto.

Carro reclama poeira do solo. Não é o 4X4 do André, mas o efeito é igual

Era o segundo dia em San Pedro del Atacama, a cidade-dormitório do famoso deserto. Quando cheguei, após subir e descer os Andes, fui recebido pelo poderoso e onipresente vulcão Licancabur, pano de fundo de todos cartões-postais da região.

Licancabur, onipresente: 5917 metros nos observando.

Ajeitei a mochila nas costas e fui bater perna pela cidade, me esgueirando por aquelas ruelas de pó e turistas. Então encontrei o Hosteling Internacional – boa cadeia, barata para alberguistas credenciados. Ainda estava preocupado com o problema do dinheiro, mas precisava, enfim, começar a viagem.

No Hosteling International fui recebido por uns moradores gente fina

Foi por isso que aceitei o convite de um grupo de brasilisenses gente boa para explorar com eles a região. Laerte, Márcia e André estão entre os grandes amigos dessa viagem; sobre eles devo me demorar um pouco mais, em breve.

Então vamos lá, todos pra dentro do 4X4 e começar o tal passeio pelo Atacama

Quando Laerte pediu uma informação em inglês para uma peruana, corri a ajudar. Un carjero automatico, ele queria. Ao me agradecer respondeu: “Obrigado”. Era brasileiro, um dos muitos que encontraria em San Pedro. Segui passeio com eles.

Amigos de viagem: Márcia, Laerte, Sala e Sidney. Faltou o André

Conheci Márcia e André e, posteriormente, os casal de gaúchos Sidney e Salete. O time estava feito. Juntamos os dois carros e fomos em busca de sal, muito sal.

Sal, próprio para um salar


Após conferir as informações com 'Raquel', o outro GPS, André finalmente encontrara o caminho. Já tínhamos acidentalmente conhecido a pequena cidade Tocomao e apreciado sua fabulosa torre branca – a Márcia não dormiria aquela noite se não encontrássemos a tal torre. Também passamos num tal Jerê com seus ricos canais de água em pleno deserto. A pouco objetividade de André e sua tecnologia seria alvo de chacota do gracioso Sidney. Mas agora, foco: as tais Lagunas Cejas.

A torre branca de Márcia. O centro de Tocomao, digno de piadas internas

Lagoas mais salgadas que o mar morto. Profundidade de dezenas de metros. Sal, muito sal. Pulamos nas lagunas e, para surpresa de todos, não afundamos. Incrível. Por ali, aliás, o pessoal se aglomerava, como num Piscinão de Ramos chileno. E pelo alto, as lagoas eram observadas constantemente pelo Licancabur.

O divertido casal gaúcho - Sidney e sua 'gatinha'. Amigos de viagem




Depois do primeiro pulo, meus olhos ardiam. Além de entrar calçado para não ferir os pés nos cristais de sal, sugere-se que não mergulhe na laguna. Eu não segui a sugestão. O Laerte também não.

Sem as mãos. Laerte e Márcia desafiam a laguna ceja. Mergulhar não. Aprendemos a lição

Eu e meu amigo corte. Parceiros de viagem. Leia mais adiante

Aliás, protegi bem o meu pé com uma sandália que até hoje reserva um pouco de sal entre as fivelas de couro. Mas não a mão. Um corte doído no dedo virou meu companheiro de viagem por muitos dias.

Ojos del Salar. Não é só o Licancabur que nos observa

Temperados, conhecemos ainda os Ojos del Salar, duas lagoas redondas e menos salgadas no meio do deserto. Tiramos a camada de sal do corpo para voltarmos a San Pedro de Atacama. O dia estava encerrado.

Fim de passeio. O sol se põe e vamos embora. Amanhã tem mais

Mas o passeio só começara.

Nenhum comentário: