domingo, 20 de julho de 2008

Sem lenço e sem documento, mas em Estocolmo

Já contei aqui neste blog alguns casos em que uma viagem mais longa me forçou repetir a roupa por um ou dois dias. Teve até aquele extremo em que usei o mesmo tênis por dois dias diretos (“55 horas no pé”, leia abaixo), mas não contava com isso na Europa. A falta da mala não chegou a ser um grande problema, mas em algumas ocasiões eu fiquei honestamente irritado.

Foi com este estado de espírito que paguei a diária do hostel na primeira noite em Estocolmo, na verdade a primeira noite bem dormida na Europa. Lembro do Enio tentando me consolar, diante da possibilidade de minha viagem ter chegado ao fim: “Você pode comprar novas roupas em brechós. Dizem que é super barato aqui na Europa”, disse. O que ele não sabia é que eu ainda esperava receber a mala de volta.

Navio-hostel. Ao fundo a bandeira de Estocolmo, símbolo da realeza sueca

Enfim, fomos para o quarto do hostel que ficava, pasmem, sobre as águas. É isso aí, ficamos hospedados em um hostel dentro de um navio. Show de bola. Ancorado no canal de frente para o castelo onde mora a realeza sueca, inclusive a brasileiríssima rainha Sílvia, nossa vizinha de quarto.

A paisagem era de arrasar – não aproveitei quando cheguei porque estava puto, mas pela manhã pude ver bem. No grande canal, alguns navios maiores que o nosso se enfileiravam e, na outra margem, a sempre belíssima arquitetura de Estocolmo: castelos e construções multicoloridas.

Pose na frente do navio. Descanso merecido

Abandonar o navio

O banho quente foi uma dádiva, mas eu precisava acessar a internet. Busquei um wi-fi no navio, só que a tomada era de outro mundo – somente em Berlim eu comprei um adaptador, e até lá fiz minhas gambiarras. Meio que no estilo MacGyver, destruí um adaptador antigo amarrando com pedaços de sacola plástica e apoiando na parede com uma bermuda. Consegui ligar o notebook.

Abandonar o navio: Juttel com sua mala e eu com a mesma roupa

Até aí tudo bem. Só que aquela era minha única bermuda. Quando fui pegá-la paa usar, provoquei um curto-circuito que derrubou a chave de luz do quarto. “Imagine se você bota fogo no navio”, sugeriu o Enio.

Resultado: não consegui wi-fi (explicam-se as não atualizações lá da Europa) e derrubei a luz. Dormimos aquele dia como anjos, mas no escuro.

Adeus Estocolmo

Não conhecemos o Museu do Prêmio Nobel por dentro, mas foi show de bola a recepção na prefeitura de Estocolmo. Um cara cheio de medalhas e pose de fidalgo nos recebeu. Era o prefeito.

Salão Dourado: mosaicos, vitrais e a deusa de Estocolmo

Seria redundante dizer, mas eu não resisto. A prefeitura de Estocolmo é belíssima. Conhecemos também a câmara dos vereadores, e alguns salões onde realizam cerimônias como a entrega do Nobel. O Salão Dourado, todo decorado com mosaicos e vitrais lindos, é guardado pela deusa que simboliza a cidade de Estocolmo. A torre construída em 1911 é uma imitação fiel de outra existente em Copenhague. Mas para manter acesa a chama da rivalidade, a torre sueca é um metro mais alta que a dinamarquesa. E o jardim em frente à prefeitura é repleto de estátuas, e fica diante do canal.

Aquelas eram nossas últimas horas na bela Estocolmo. Lugar onde o Brasil triunfou pela primeira vez na Copa do Mundo, em 1958, e onde o meio ambiente ganhou ares institucionais e o conceito de sustentabilidade foi criado, na conferência de 1978. Por dois dias fomos seqüestrados por esta cidade e, só para aproveitar o termo conhecido, desenvolvemos a Síndrome de Estocolmo: nos apaixonamos por nosso algoz.

Estátua e o canal, em frente à prefeitura de Estocolmo

Mas o passeio pela Suécia continua em Malmö, onde ocorreu a conferencia. O Enio, o Juttel e eu pegamos um trem que atravessou o país rumo ao Sul, naquela cidade portuária. Viagem tranqüila e bastante interessante.

E eu ainda sem minha bagagem.

2 comentários:

Deninha disse...

Caramba Mu, cara relato que vc posta eu me sinto mais envolvida, essa viagem realmente deve ter sido uma experiência única, um verdadeiro sonho, espero que vc tenha em sua vida muitas outras experiências tão importantes quanto esses dias que vc passou viajando (mas dá próxima vez com malas, né? heheehe)

Unknown disse...

cara q desespero essa hitoria da bagagem!