sexta-feira, 16 de maio de 2008

Qualidade de vida

Segue abaixo mais um post escrito no avião, na volta de Campinas na última segunda-feira (12):

A noite é produtiva, o café expresso com açúcar espantou o sono e, aproveitando que o notebook já está ligado, rascunho mais um post. Viagem de volta, mais de dez mil metros de altura. O tema (pausa para turbulência) é conforto, coisa rara nesse vai-e-vem sem fim.

Quem se sujeita espremer-se na classe econômica deve estar preparado para tudo. Mas há coisas piores. Hoje finalmente pude entender na plenitude porque os mineiros chamam ônibus metropolitano de ‘humilhante’. Os saltos que a máquina dá nas lombadas, realmente, provocam situações vexatórias até mesmo para a mais paciente das almas.

Noves fora, temos os ônibus de linha, em que humilhação é palavra de ordem. Imaginem-se enfiados por 16h em um caixote com rodas, tendo que conviver com todas as espécies de criaturas e situações (leiam os top fives aí do lado e conversamos melhor depois). Após sofrer com frio, aperto e desconforto, no entanto, resolvi contra-atacar. E para isso, tratei de comprar armamento e munição.

Há algumas semanas ando com uma almofadinha em forma de meia lua, para colocar no pescoço. A mulher que me vendeu disse que o material é o mesmo usado pelos astronautas da NASA. Não importa, tem funcionado. Podem me chamar de fresco, mas nada como um pescoço firme e livre de eventuais “pescadas”.

Nesta última viagem resolvi melhorar o arsenal. Nos bolsos laterais de minha mochila, a garrafinha de água (outra munição) já não está mais sozinha: carrego também um par de pantufas, que usei nas várias horas do ônibus e uso agora no avião. Coisa de velho? Pode ser, mas melhor que deixar o pé fechado em um sapado apertado sabe-se lá por quanto tempo.

Já tomei a precaução do agasalho, mas a manta axadrezada pertence a um futuro distante. Em algumas viagens, sempre é bom algumas frutas e a inseparável garrafinha d’água. Claro, toneladas de livros e revistas, porque viagem sem ler não tem graça. Mp3 nunca foi minha praia e não será até que eu compre outro.

Mas agora a noite, quando entrei no avião, vi uma novidade. Um cara de bigode e chapéu exibia uma almofada-meia-a-lua como a minha e mais uma arma: um tapa-olho! Com essa ferramenta, fica livre de luzes de leitura ou faróis de carros que ofuscam a vista.

Quem sabe...

Um comentário:

Deninha disse...

Eu realmente admiro demais todo esse seu empenho de enfrentar essas longas horas de viagens, esses tantos gastos, esperas, finais de semana na estrada.. mas pode ter certeza que m mais pra frente vai valer cada um desses minutos!!
Mas que é engraçado te imaginar de almofada no pescoço, manta, pantufas e tapa olho é... já rio só de fechar os olhos e imaginar a cena